Trabalho cientifico sobre qualidade de vida no trabalho by robertgjmf - Issuu

SciELO - Public Health - Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos


No quadro observa-se uma predominância das mortes por doenças cardiovasculares, que podem se relacionar à baixa autonomia de decisões no trabalho, às atividades pouco criativas e pequeno apoio social (Marmot & Theorell, 1988); ao que se soma as mortes por causas externas, relacionadas à violência dos centros urbanos, muitas delas como resultado dos acidentes de trajeto ou do trabalho (de trânsito) dos condutores de ônibus e veículos de carga (Lucca & Mendes, 1993) e pelos cânceres relacionados ao uso de substâncias químicas cada vez mais tóxicas (Mendes, 1988b). E. M. F. Seidl desenvolveu revisão bibliográfica, análise conceitual, planejamento, organização e redação do texto. C. M. L. C. Zannon participou na análise conceitual da qualidade de vida e contribuiu na redação da versão final do manuscrito. A partir da discussão das noções que assumiu a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), priorizou-se a que valoriza as mudanças na organização do trabalho, a participação dos trabalhadores, conforme o Programa Internacional para o Melhoramento das Condições e dos Ambientes de Trabalho (PIACT), da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 1976. Diante da escolha, são apontados os limites da QVT na nossa realidade, em que a democracia nos locais de trabalho é ainda frágil. Ao lado disso, vis à vis o taylorismo/fordismo, discute-se as mudanças na organização do processo de trabalho que acompanham a QVT na reestruturação produtiva, apontando para a necessidade de pensar-se indicadores epidemiológicos que expressem as relações saúde/doença e as novas formas de gestão, divisão e organização da produção, representadas pelas doenças relacionadas ao trabalho, cujo nexo com ele têm causalidade mais complexa.


HACKMAN, J. R. and OLDHAM, G. R. Motivation through the design of work: test of a theory. Organizational Behavior and Human Performance, 1976, vol. 16, no. 2, pp. 250279, ISSN: 0030-5073 [viewed 20 february 2020]. DOI: (76)90016-7. Available from: Finalmente, o artigo de Pimenta de Devotto, Freitas e Wechsler (2020), O papel do redesenho do trabalho na promocao do flow e do bem-estar, tem como objetivo central a analise do papel mediador do flow na relacao do redesenho do trabalho e da saude mental positiva, sendo essa expressa por aspectos de bem-estar do ponto de vista emocional, psicologico e social. E utilizada a abordagem quantitativa, com o uso de equacoes estruturais, aplicando um questionario sociodemografico com tres escalas. A amostra foi composta por 386 trabalhadores, das mais diversas localidades brasileiras. Apos o tratamento dos dados, foi possivel verificar que o redesenho das relacoes de trabalho causa impacto direto sobre a saude mental positiva dos funcionarios. O flow no trabalho mediou a relação da reformulação cognitiva com a saúde mental positiva. Conclui-se que as ações de redesenho do trabalho, primordialmente a reformulação cognitiva, influenciam o bem-estar labora e geral. NOVAES, V. P. ; FERREIRA, M.


Artigos cientificos qualidade de vida no trabalho - O consenso quanto à multidimensionalidade refere-se ao reconhecimento de que o construto é composto por diferentes dimensões. A identificação dessas dimensões tem sido objeto de pesquisa científica, em estudos empíricos, usando metodologias qualitativas 12 e quantitativas 16,17.


, 1989). Outro interesse está diretamente ligado às práticas assistenciais cotidianas dos serviços de saúde, e refere-se à QV como um indicador nos julgamentos clínicos de doenças específicas. Trata-se da avaliação do impacto físico e psicossocial que as enfermidades, disfunções ou incapacidades podem acarretar para as pessoas acometidas, permitindo um melhor conhecimento do paciente e de sua adaptação à condição. Nesses casos, a compreensão sobre a QV do paciente incorpora-se ao trabalho do dia-a-dia dos serviços, influenciando decisões e condutas terapêuticas das equipes de saúde 6. Foi considerado como limitações deste estudo o pequeno número de trabalhos publicados sobre a temática. Os resultados deste estudo podem contribuir com a gestão do sistema penitenciário, tendo em vista o reconhecimento dos itens com os menores índices de satisfação, ao fornecer embasamento para a gestão adequá-los, com o intuito de garantir melhor infraestrutura de trabalho, melhores níveis de autonomia profissional e, desse modo, resultados mais eficientes no que se referem à saúde dos apenados. O desenvolvimento de estudos sobre aspectos da Qualidade de Vida (QV) advém da necessidade de compreender os multifatores que compõem os seres humanos, e como cada fator interfere na representação do bem-estar total1.


C. and VALENTINI, F. Evidências de Validade da Escala de Flexibilidade Psicológica no Trabalho em Amostras Brasileiras. Psico, 2015, no. 46, pp. 362-373, ISSN: 1980-8623 [viewed 20 February 2020]. DOI: Available from: Sobre esses aspectos, embora tenham se apresentado com índices de satisfação entre os profissionais, a falta de liberdade e autonomia para a realização da assistência são apontados como entraves para as ações de saúde no sistema penitenciário. Pois há a presença permanente do Agente de Segurança Penitenciária (ASP) durante o atendimento e, ainda, percebe-se a valorização dos aspectos relativos à segurança e disciplina, em detrimento do atendimento de saúde31. Do lado dos trabalhadores, considerando-se a história recente do movimento sindical, do então chamado novo sindicalismo, que data do final dos anos 70 e início dos 80, ver-se-á que qualidade de vida (no trabalho) não foi uma bandeira de luta expressa, mas sim a melhoria das condições de trabalho e defesa da saúde como direito de cidadania (Ribeiro & Lacaz, 1984). Não seria por isso mesmo que foi usada para contrapor-se ao discurso sobre a saúde defendido por parcela importante do movimento sindical de trabalhadores que, entre nós, sedimentou-se sobre uma plataforma claramente política para explicar a determinação do processo saúde/doença? (Rebouças et al.


Quality working life and health/illness


Além do World Health Organization Quality Of Life Assessment (WHOQOL-100) 13,17, outros instrumentos genéricos de avaliação da QV, de grande utilização em pesquisas e na prática clínica, são o Medical Outcomes Study SF-36 Health Survey 18 e o Sickness Impact Profile 19. Surgida na esteira da cada vez maior mobilização dos trabalhadores europeus pela ampliação de seus direitos no trabalho, que ocorre no final dos anos 60 e início dos 70, a proposta do PIACT incorpora tais demandas (Parmegianni, 1986). Reflexo disso, na década de 1980, consolida-se uma tendência que baseia a QVT na maior participação do trabalhador na empresa, na perspectiva de tornar o trabalho mais humanizado. Agora os trabalhadores são vistos como sujeitos, estando sua realização calcada no desenvolvimento e aprofundamento de suas potencialidades. Power et al. 28 realizaram um estudo de meta-análise, utilizando o banco de dados dos estudos de validação do WHOQOL-100 nos 15 centros. Mediante análise de regressão múltipla padrão, referente à amostra total de sujeitos, verificaram que os escores das quatro grandes dimensões explicaram, juntos, 64,0 da variância do escore da qualidade de vida geral, considerada como variável critério. Aspectos físicos e psicológicos foram responsáveis pela explicação da maior parte dessa variância, seguidos das dimensões do ambiente e do relacionamento social, sendo que essa tendência também foi observada nas amostras dos 15 locais pesquisados, com algumas especificidades. Os pesquisadores concluíram que o WHOQOL-100 tem boa capacidade psicométrica para mensurar a qualidade de vida e que a estrutura do construto é comparável nas diferentes culturas, reforçando a sua importância como ferramenta transcultural.


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